HIV-AIDS: propagação do vírus ou partilha das responsabilidades? by Claudio Souza DJ, Bloqueiro 21 de julho de 2015 written by Claudio Souza DJ, Bloqueiro 21 de julho de 2015 76 Table Of ContentsCurtir isso:RelacionadoCurtir isso:RelacionadoDescubra mais sobre Soropositivo. Org - Há Vida com HIV!!!A realidade de hoje, apesar de marcada por grande diversidade de ideias e ideais, ainda se vê às voltas com a tentativa de manutenção de pensamento único a justificar ideologias políticas e institucionais das instâncias dominantes da sociedade. Esta tentativa violenta, pois todo pensamento único desconsidera a diversidade, emerge legitimada pela racionalidade dominante ancorada na existência de valores a garantir a dita “ordem natural” do mundo. Tal fato atinge o campo das relações humanas a conjugar responsabilidades públicas e privadas, autonomia do Estado versus autonomia do sujeito e o embate entre as heteronomias em jogo. As reportagens veiculadas pela mídia neste último dia 01 de dezembro, Dia Mundial de Luta contra o HIV-AIDS, demonstraram uma das facetas mais perversas da ditadura do pensamento único. Os telejornais, em sua grande maioria, atribuíram o crescente número de novas infecções pelo HIV entre a juventude brasileira pelo fato da nova geração Z não ter sido testemunha da perda e do sofrimento de personalidades públicas como Cazuza, Freddie Mercury e Renato Russo. Tal afirmação soou como mantra durante todo o dia 01/12/2014, pois para a mídia o desconhecimento do drama humano vivido no início da epidemia impulsiona o “descuido” e o “descaso” de uma coletividade crente de que o HIV-AIDS é “coisa do passado e afinal, a enfermidade não é tão grave assim”. Ao se insistir nessa face da moeda, se atribui a responsabilidade pela propagação da epidemia à liberdade individual do sujeito e ao grupo ao qual pertence e se relaciona. Entretanto, há de se iluminar e problematizar a outra face multifacetária da moeda e destacar o alcance de tal responsabilidade a extrapolar a instância do indivíduo ou de determinada coletividade. Para além da responsabilidade individual e do grupo de pertença, cabe se perguntar como anda no Brasil a qualidade da educação sexual trabalhada e discutida pelas escolas públicas e privadas. Por falar em instituições, importa também se questionar como as Igrejas (des)educam os fiéis no tangente à vivência de gênero e exercício da sexualidade. Ou ainda: quais ações e campanhas efetivas, para além do dia 1º de dezembro e do carnaval, o Governo tem estimulado ao longo dos anos para enfrentar o aumento de infecções? O que a sociedade civil tem feito em prol do combate ao machismo e ao sexismo? Como nossas famílias confrontam, propagam ou reproduzem a homofobia e o machismo? A homofobia conduz à marginalização da vivência da sexualidade e ainda restringe as possibilidades de exercício da afetividade nos espaços públicos, relegando o relacionamento homoafetivo à clandestinidade. O lugar da clandestinidade se apresenta mais propício a expor o sujeito a maiores vulnerabilidades, a incidir diretamente no quadro das novas infecções. Nesse cenário amplo, até hoje muitas mulheres cedem ao sexo sem a devida prevenção por dificuldade ou mesmo impossibilidade de negociar junto a seus parceiros o uso do preservativo. Permanece tabu se discutir prevenção dentro do casamento ou de relacionamentos estáveis, pois parte-se da premissa incontestável de que a fidelidade impera na vida do casal. Por mais que a vivência de relacionamentos abertos seja crescente, sobretudo entre a juventude, a sociedade como um todo permanece alheia à discussão da questão. Também tem se caminhado bem à margem do papel desempenhado pelas drogas recreativas na proliferação do vírus, ao restringir a liberdade e a autonomia do sujeito. Pouco tem se discutido sobre as novas formas e variações de exercício da sexualidade, a iniciação cada vez mais precoce da vida sexual, a naturalidade com que os jovens de hoje se permitem transitar por espaços fluídos pela multiplicidade de parceiros e experiências sexuais e afetivas. Para finalizar, se propõe a pergunta: tal complexidade resumidamente exposta pode ser condensada na fórmula “nossos jovens não viram os seus ídolos morrerem vítimas da AIDS”? Para além da responsabilidade da juventude, por que não se lançar holofotes sobre a responsabilidade familiar, a institucional, a da sociedade civil, a do Departamento de DST AIDS e hepatites virais e a Governamental? Pelo visto, parece que a atitude comodista e descompromissada de transferir desproporcionalmente a responsabilidade de um mal evitável para a parte mais frágil da relação tem sido a escolha mais fácil e viável, ao invés de se trabalhar a passagem mais difícil, porém necessária e libertadora, para a tomada de consciência universal das responsabilidades e de enfrentamento à epidemia. Leitura sugerida: Estado Laico? Omar Lucas Sales FacebookLinkedInPocketWhatsAppE-mailImprimirTelegramPinterestRedditTwitterTumblrCurtir isso:Curtir Carregando... Relacionado Descubra mais sobre Soropositivo. Org - Há Vida com HIV!!! Assine para receber os posts mais recentes por e-mail. Digite seu e-mail… Assinar Adolescentes e AIDS 0 comment 0 FacebookTwitterPinterestEmail Claudio Souza DJ, Bloqueiro Trabalhei voluntariamente neste Blog por 22 anos ininterruptos. Claro que tive momentos de descanso, internações, afinal de contas, duas embolias pulmonares e uma polineuropatia não se enfrenta no tapa, né? Aí me esgotei, precisava de dar um tempo, realizar outras coisas e, sim, estou as realizando, um pouco pacificado com alguns problemas, outros, nem tanto! Após tger recebido um prognóstico de sobrevivênciaencvia de seis meses e, trinta anos depois, completar os meus sessenta anos, tendo em conta que saí de casa aos doze anos, para não morrer nas mãos de meu pai, que me preconizou este futuro: Vai morrer antes dos trinta nas mãos da polícia ou dos bandidos, porque nem para isso serve! Descanse em paz, Velho Souza! Descanse em paz. Entretanto, você estava errado a meu respeito, como esteve errado na maior parte das vezes em que tomou uma decisão capital. Contudo, nem isso importa, pois os instrumentos intelectuais que lhe deram não permitiriam que fosse diferente! Como em geral, estão todos os que não estão tendo nada a fazer com seus tediosos tempos, investem seu tempo em me julgar por quem eu sou ou pelo que disse em uma crise. Os que chegam perto de mim, os que eu permito e me conhecem, me sabem bem como sou e o que sou. Deixar este blog no qual trabalhei por tanto tempo e deixá-lo aqui, quase parado como deixei, já não é opção. Tenho tempo, sim, para ser DJ, ser um escritor e cuidar daqueles que encontram meu trabalho, quando o Oráculo, em sua sabedoria ininteligível, de digna a me mostrar. previous post Instituto Avon e Data Popular divulgam pesquisa sobre violência doméstica next post O tempo passa de forma igual para pessoas com HIV e pessoas sem HIV conclui um estudo You may also like Olhos E O Citomegalovírus. 14 de março de 2024 O que o HIV faz com você? –... 1 de março de 2024 Rash cutâneo, ou Erupção Cutânea 3 de março de 2024 Como trabalhar seu médico para lutar contra o... 26 de abril de 2024 Sexo vaginal E HIV – Esta é a... 6 de março de 2024 Resistencia a Antirretrovirais HIV- O que é e... 6 de março de 2024 Pessoas com HIV E COVID – Maioria Responde... 13 de junho de 2022 Tuberculose Volta A Matar Pessoas Vivendo COM HIV 13 de junho de 2022 HIV-1 e HIV-2 – Variantes Genéticas 13 de junho de 2022 Influencers Digitais e AIDS – O Dano Devastador... 30 de abril de 2022 Deixe uma respostaCancelar resposta [script_25] Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. 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